segunda-feira, 12 de maio de 2014

Estudo da língua latina & Tito Túlio Fedro

Resumo:

Neste artigo iremos tratar sobre a língua latina concomitantemente com sua literatura. Para nortear nossos estudos, o autor escolhido é Fedro, que sem dúvida é um importante fabulista a ser estudado, por ser pioneiro quando pensamos em textos com cunho moral. Todavia cabe ressaltar que o propósito maior aqui são os estudos da língua latina bem como as influências que mais tarde veremos em nossa língua. 


Introdução:

O intuito deste estudo é propor uma ampla visão sobre a obra de Fedro – Fabulas – que é o seu trabalho principal, obra esta que possui todas as suas fábulas (123); também trará informações sobre sua vida, outras obras, contexto histórico em que viveu a análise do texto latino e as traduções do Latim para o Português e por fim refletir sobre sua influência em nossa literatura de forma a intertextulizar sua obra com a literatura Portuguesa.
Para falar de Fedro e estudá-lo com criteriosidade será necessário antes de tudo explicar brevemente seu pensamento, suas influências para que a leitura seja cadenciada, cumprindo assim com o principal objetivo do estudo; resgatar e aguçar no leitor a busca por suas origens, começando pela “língua”, incitar e dar oportunidade a diferentes públicos de conhecer o Latim não só por meio de uma metodologia muita das vezes fatigante e sim mesclar o estudo da língua com as conscientizadoras fábulas de Fedro (utilizava-se do latim).

Um pouco sobre Fedro:




Embora um tanto escassas as fontes acerca da vida de Fedro vamos agora nos familiarizar sobre a vida do autor. Tito Túlio Fedro nasceu na Trácia, perto de Macedônia, cerca de vinte anos antes de Cristo, ou seja, no 22º do Império de Augusto. Transferido para Roma, ali, serviu como escravo do Imperador que lhe facultou, logo, a regalia de liberto, além de proporciona-lhe oportunidade para o aperfeiçoamento no domínio do idioma latino e da arte literária. Em razão disso, o ex-escravo se denomina o liberto de Augusto: “Augusti libertus”.
Após a morte de Augusto, Fedro sofreu violenta perseguição por parte de indivíduos de alta posição política tal como o Lúcio Sejano. Sendo assessor imediato de Tibério, Sejano conseguiu após tumultuado processo, o decreto de exílio contra Fedro que faleceu, na miséria, com 64 anos, cerca de 44 da era cristã.        
Seu acervo divide-se entre fabulas e algumas poesias de sua autoria, embora o cerne de suas obras sejam as fábulas, estas são 123 que estão divididas em 5 livros.

Pensamento Fedriano e Poesia didática

Antes de inclinar nossos estudos sobre o que influenciou os pensamentos de Fedro, trataremos de discorrer sobre a poesia didática e suas implicações, sim,há uma poesia didática!
Sempre que pensamos em poesia (2003, p. 102), logo nos vem à mente aquele texto belo, que tem um sentimentalismo característico e que por meio dela nos transcende a outras dimensões, e não um texto que tem como “objetivo” nos passar um denso conhecimento, que indubitavelmente já nos remete a uma metodologia, a uma didática. No entanto a poesia neste momento histórico tanto em Roma quanto na Grécia eram frequentemente usadas, e seus versos tem uma estrutura indiscutivelmente metódica, no livro A literatura Latina - Zélia de Almeida Cardoso a autora explica que os gregos eram extremamente práticos e pragmáticos ao se expressarem, sendo assim logo se apropriaram desta metodologia dando a ela uma utilidade.
Dito isto agora falaremos um pouco sobre o pensamento fedriano. Fedro foi influenciado por Esopo que viveu séculos antes dele, Fedro quando era criança escutava as fabulas de Esopo, o que mais tarde seria indiscutivelmente sua inspiração.
O autor tem como característica principal escrever fábulas cujo cunho moral é fortemente exaltado, ele também prima por descrever a ética da sociedade de sua época e desta forma da margem a analise ético-moral, Fedro faz com que seu leitor reflita sobre a sociedade e sobre seu próprio agir perante ela. O ponto de interação entre a didática e as fábulas de Fedro é justamente o estilo que o mesmo empregava em suas fabulas, estas eram compostas por versos com os estilos métricos iâmbicos e jâmbicos, tal metodologia corrobora para nosso entendimento quanto o emprego da didática.   

Da imersão no Latim as suas traduções

Dado um determinado grupo de palavras administradas por regras sintáticas, constituem-se então as frases. Tais frases são ordenadamente construídas por elementos, estes elementos no Latim são chamados de casos. No Latim teremos então 6 casos, são eles:

         I.      Nominativo
         II.     Vocativo
         III.    Genitivo
         IV.    Dativo
         V.     Ablativo
         VI.    Acusativo
 
Trataremos agora então de explicar brevemente as particularidades de cada “Caso” com o intuito de inserir o leitor na língua latina bem como salientar que o Latim serviu de subsídio para a estrutura da língua Portuguesa.

Nominativo – Quando falamos em nominativo falaremos também sobre verbos. O correspondente do nominativo na língua portuguesa é o Sujeito. Em uma oração toda palavra que indicar ação será sempre o verbo, por exemplo, “João pintou a casa”, o verbo desta oração é pintar. Dito isso agora falaremos do nominativo – sujeito, que nada mais é que o agente desta ação, aquele que pratica a ação na oração, no nosso exemplo o sujeito então é o João.

Vocativo – Este caso tem a função de indicar na oração um apelo, um chamado. Quando vemos uma mãe dizendo: “Filho, venha cá” – a palavra filho neste caso está nos indicando um apelo, aquele que esta sendo chamado. O vocativo pode estar no começo, meio ou final de frase, mas sempre será indicado / separado por vírgulas.

Genitivo – O genitivo tem a função de restringir um determinado nome. No português veremos este “Caso”, porém o nome adotado é adjunto adnominal restritivo. Para entendermos melhor vejamos agora o seguinte exemplo: “As fábulas de Fedro”, - As fábulas poderiam ser de Esopo, de La Fontaine, etc., mas ao dizer “As fábulas de Fedro” restringimos a palavra Fábulas. Portanto ao mesmo tempo em que, de Fedro, esta possibilitando a completude da palavra fábulas, também esta restringindo-a.

Dativo – Neste caso o termo tem a função de complementar dando sentido ao verbo. No português reconhecemos este “caso” como sendo objeto indireto, pois necessita de preposição (a ou para). Exemplo: Vós doais para as meninas as coroas de rosas, nesta frase “para as meninas” exerce a função de dativo / objeto indireto, do latim puellis – 1ª declinação /dativo plural.

Ablativo – O ablativo tem a função de indicar circunstâncias, este caso é utilizado quando o verbo não precisa necessariamente de um complemento por ser intransitivo, mas que podemos acrescentar ai uma circunstância de lugar, por exemplo: “Maria nasceu em São Paulo”, a expressão “em São Paulo”, constituirá o ablativo que no português reconheceremos como adjunto adverbial.

Acusativo – Este caso assemelha-se ao dativo só que aqui ao complementar o verbo não é preciso utilizar preposição. No português este “caso” é conhecido como objeto direto. Exemplo: Onde levam as rosas? , nesta frase “as rosas” exerce a função de dativo / objeto direto, do latim rosas – 1ª declinação / acusativo plural. ,

No Latim o conjunto de casos acima explicados é conhecido como declinação. Declinar significa enumerar os seis casos já estudos, tanto no singular quanto no plural. Estas diversas formas possibilitam o leitor reconhecer a determinada função que aquela palavra exerce naquela oração. Em latim é possível declinarmos os substantivos, os adjetivos e os pronomes. No latim existem cinco modos de declinações.
Agora que discorremos um pouco a respeito dos casos, trataremos de traduzir um fragmento da fábula “A serpente nociva ao seu benfeitor” e explicar em qual caso cada palavra se encaixa, bem como qual declinação a mesma ocupa ou se esta palavra é um verbo:

“Qui / fert / auxilium / malis / post / tempus / dolet”.
    
“Quem presta auxilio aos maus arrepende-se tardiamente”.

Vocabulário comentado / adaptado:

Qui – Quem

Fert – Significa prestar, aquele que presta algo.

Malis – que significa mau, palavra da segunda declinação (Malus, a, um).

Auxilium – Significa auxilio, socorro, ajuda.

Post – Após de, após algo

Tempus - Significa tempo (Tempus, oris).      
                                                       
Dolet - Vem do verbo dolere, originou-se de dolor - Sofrer, afligir

Propomos agora, pensarmos um pouco quanto à estrutura desta frase. Quem - é o sujeito da frase (nominativo), neste caso é um sujeito indefinido. Seguimos o estudo com o verbo “prestar”, logo pensamos que quem presta, presta algo, mas o quê e para quem? Para completar então o sentido, para qualificar o sujeito indefinido “Quem”, falamos agora da palavra “Auxilium” que nesta frase esta ligada ao sujeito / nominativo, portanto é o predicativo do sujeito. E a palavra “malis” que é ablativo plural da segunda declinação, terminação is – aos maus, pelos maus, com os maus é como se Fedro nos falasse “Diga-me com quem andas e lhe direi quem és” (novamente o aspecto moralizante se sobressai). No caso desta frase o ablativo esta dando uma intenção de estar junto com, caminhando com. No fragmento destacado as palavras post tempus se juntam dando assim um novo sentido, um novo significado que é tardiamente e por fim o verbo principal da oração dolet, do latim dolor. 

Fernando Portela x Fedro


Existem certos traços literários que percorrem esta longínqua linha do tempo, permeando os textos de nossos escritores contemporâneos. Vejamos então o porquê digo isto. Fernando Portela é escritor e jornalista, dotado de uma visão extremamente dualista o que culmina em textos ricos no que tange nossa interpretação. Propomos então a análise das seguintes fábulas:

Fábula de Fedro: O lobo e o cordeiro    

Ao mesmo rio vieram, compelidos pela sede, o lobo e o cordeiro.
O lobo estava mais acima e o cordeiro bem mais abaixo. Então o predador, incitado por sua goela maldosa, encontrou motivo de rixa: “Estou a beber e tu polis a água!”
O lanoso, tímido, responde:
“Como posso fazer isso de que te queixas, Ó lobo? De ti para meus goles é que o liquido corre.”
Repelido pela força da verdade, ele replicou:
“Cerca de seis meses atrás, falaste mal de mim.”
O cordeiro retruca: “Eu? Então eu sequer era nascido...”
- Por Hércules, teu pai é que me destratou!
Em seguida, dilacera a presa, dando-lhe 
morte injusta.
Escrevi esta fábula por causa daqueles indivíduos que oprimem os inocentes por razões fictícias.

E agora a fábula de Portela:

Lobo Traficante

A sociedade dos cordeiros condenou aquele lobo a vinte anos de prisão. Era terrível o seu crime: tráfico de entorpecentes. Por sua causa, milhares de cordeirinhos destruíram suas vidas. O lobo era o inimigo público número um.
Vinte anos depois, apesar desse e de outros lobos-traficantes terem sido presos, a sociedade dos cordeiros estava mergulhada no vício. Era um problema de segurança nacional. Talvez por isso um repórter resolveu entrevistar aquele lobo, à saída da penitenciária. Estaria ele arrependido? Teria consciência do que provocara? Sentia-se injustiçado?
Afinal, a sociedade dos cordeiros cumprira rigorosamente a lei. Só que alguma coisa estava errada. Lobos-traficantes eram presos todos os dias, enquanto aumentava o consumo de drogas. Qual a opinião de um lobo que pagou vinte anos por um dos piores crimes contra a humanidade?
— Você quer mesmo saber? — foi logo falando o lobo. — O problema não se restringe a mim nem aos que me seguiram nessa profissão. Eu cometi parte do crime, reconheço, comercializando um produto proibido…
— E quem cometeu a outra parte? — indagou o repórter, ele próprio irritado com a desfaçatez do lobo.
— Ora, a sociedade dos cordeiros! — afirmou o lobo. Acaso fui eu que provoquei a corrida ao tóxico? Como seria possível eu me tornar um traficante se não houvesse procura do meu produto?
“Isso faz sentido”, pensou o repórter. E arriscou outra pergunta:
— Como a sociedade dos cordeiros poderia ter evitado tudo isso?
— Ora, pergunte a ela, respondeu o lobo. Mas dificilmente a sociedade dos cordeiros concordará que tem parte dessa culpa. Para isso, seria necessário que cada cordeiro, em particular, meditasse sobre sua própria vida e o que considera melhor para o seu rebanho. Mas você sabe que meditar, refletir, ponderar e se autoanalisar é muito difícil, quando há tantos lobos à disposição para assumir todas as culpas.
Quando a entrevista com o lobo-traficante foi publicada, a sociedade dos cordeiros reagiu: os lobos são criminosos irrecuperáveis, cínicos, arrogantes e diversionistas.
Para eles, só mesmo a pena de morte.


É possível notarmos em ambos os casos, que o lobo representa o arquétipo do vilão, que tenta de toda e qualquer forma reverter à situação em seu benefício. Fedro expõe de forma clara em sua fábula este intento, visto que em diversos momentos da mesma a ideia é reforçada, através do discurso persuasivo da culpa do cordeiro.
Em contra partida, ao desenrolar da fábula de Fernando Portela o autor nos faz quase acreditar na inocência do lobo, levando-nos á incógnita, será?

Podemos entender então, que o mundo das ideias é vasto, porém, alguns casos se repetem, pois são baseados em preceitos humanos que sempre existiram e sempre irão existir. Perceber o quão palpável é esta atemporalidade é sem sombra de dúvida uma experiência estarrecedora.


Fontes:

Fábulas – FEDRO, Tito Túlio – 2ª edição, 2008, Editora Escala, tradução – FERRACINE, Luiz

A Literatura Latina - CARDOSO, Zélia de Almeida - 3º edição, 2011, Editora WMF

Dicionário Latino Português – TORRINHA, Francisco, 8ª edição,
 Gráficos Reunidos





segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

5 sites para download de livros

Mal começou o semestre e você já está se descabelando com tantos livros que os professores pediram certo?




Entendo bem o quão desesperadora é essa situação pois sou estudante e sei o quanto esta é uma época financeiramente "apertada" em nosso humilde bolso. Foi pensando nisso que resolvi fazer este post mostrando que é possível ter todos os livros do mundo com apenas uns cliques.
Indico a vocês cinco sites que são o verdadeiro paraíso para os estudantes, neles você poderá encontrar desde o romântico e trágico Shakespeare até os complicados cálculos matemáticos de Euclides.


Lista amiga dos estudantes:

1º - www.ebooksgratis.com.br

2° - www.portugues.free-ebooks.net

3º - www.livrosgratis.com.br

4º - www.dominiopublico.gov.br

5º - www.portaldetonando.com.br

Agora você já sabe, pensou em estudo recorra a lista amiga.


Boa sorte e bons estudos!